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Friday 14 October 2011

Sistema de transporte público em Maputo: Soluções mistas e longa visão

Maputo é a capital económica e política de Moçambique, e isso não a iliba da pressão cosmopolitana que todas as grandes cidades sofrem. Maputo cidade e Maputo Provincia são habitada por mais de 2 milhoes de pessoas, este número é considerado acima do planificado e as infraestruturas estão sob pressão. Cerca de 80% dos habitantes reside em subúrbios ao redor de Maputo, e a economia informal é o motor da sua sobrevivência. Uma grande porção se desloca dos aredores para o centro da cidade e mercados para realizar suas tarefas laborais.

A Politica de Transportes Urbanos para o Grande Maputo[1] previa que em 2005, apenas dentro da Cidade de Maputo, existiam 2.500 autocarros, na sua maioria mini-buses a efectuaram cerca de 350.000 viagens de transporte de passageiros por dia e que a industria de transportes urbanos de passaeiros possui cerca de 3.500 viaturas, na sua maioria mini-buses recondicionados de 15 lugares e mini-buses recondicionados de 25 lugares pertencentes e operados por privados. Existiam cerca de 1.000 empresas privadas de transporte em Maputo e mais 600 na Matola.

A Associação dos Transportadores de Maputo (ATROMAP) opera na Cidade de Maputo e possui uma frota de 2.001 mini-buses; e a União dos Transportadores de Maputo (UTRAMAP) opera na Matola e entre Maputo e a Matola com 1.466 mini-buses. Os Transportes Publicos de Maputo (TPM), compahia gerida pelo Estado, em 2005 dos 80 carros, apenas 25 encontravam-se operacionais. Actualmente a sua frota é de 196 autocarros, de 90 lugares, 35 sentados e o remanescente de pé), em que 8 são autocarros executivos de luxo de marcas Man–Diesel, Mercedes, Yutong, Iveco, Yaxing e Zonda Bus e Marcopolo, em que 3 da marca Yutong são movidos à gás. Os TPM transportam diariamente 74.000 passageiros.

Feitas as contas, operando em plena capacidade, os transportadores de Maputo podem evacuar  em simultaneo aproximadamente 70.000 passageiros numa so viagem, o que seria suficiente para aliviar o problema da falta de transporte. Mas onde reside o problema e quais as soluções?


Photo: TPM em Maputo, by Jay Cee.

A capacidade operacional dos transportes no dia-a-dia é diferente das estatisticas. Muitos destes carros encontram-se obsoletos, com constantes visitas mecánicas e fraca manutenção, hipotéticamente diria que quase metade da frota nao funciona em simultaneo. Os carros de 15 lugares não oferecem uma capacidade de evacuação eficaz nas horas de ponta, onde a demanda aumenta e os engarrafamentos dificultam o fluxo de viaturas do centro a periferia e vice-versa. Uma cidade sem meios eficazes de conecção entre as várias redes de transporte não consegue resolver seus problemas com base em viaturas apenas. Em Economia dos Transportes (temos alguns Moçambicanos com essa especialidade), a problemática dos transportes é muitas vezes solucionada através da criação de redes mais eficazes de comunicação e maiores alternativas e diversidades de acesso ao transporte. É neste ultimo aspecto que irei me concentrar nos próximos parágrafos.

O problema dos transportes tem sido analizado numa prespectiva pouco ousada e a curto prazo, o que não coaduna com a dinámica dos custos crescentes dos transporte e crescimento demográfico. Com a constante subida dos preços de combustíveis, os Países não produtores (e mesmo os produtores) tem estado a implementar políticas a médio e curto prazo de substituição de hábitos de consumo. O encorajamento na compra de viaturas com reduzida cilindragem e com efeitos menos nocivos ao meio-ambiente (carros modernos) é acompanhada pela penalização na aquisição de viaturas com características contrárias.

Contudo, qualquer política na cobrança de impostos que pode ser impopular, deve ser compensada por outras que revelem melhorias no corrolário do sacrifício público. Nenhum País resolveu seus problemas de transporte sem uma forte intervenção do Estado. Há que investir no Desenvolvimeto da Capacidade dos TPM, em termos materiais e humanos. Uma quota dessa gestão deve ser transferida ao privado de modo a conceder competitividade e maior abertura na prestação de contas, sem nunca esfaziá-la do seu objectivo social primordial.

Desenvolvimento passa incontornavelmente pela mudança de mentalidade. A primeira é o respeito pelo tráfego e a vida na via pública. A segunda é o incentivo ao uso de bicicletas em distâncias moderadas. Estes dois aspectos podem melhorar a qualidade de vida dos munícipes. Países desenvolvidos e fabricantes de automóveis de primeira linha, para além de buscarem soluções híbridas nao abdicaram do uso da bicicleta e até criaram modelos em que o aparelho é movido a mini-motor carregado por uma bacteria (vide imagem abaixo).


Photo: Jay Cee (Electric Bicycle, or E-Bike, movido a motor eléctrico, muito comuns na China, Japão, Australia, Nova Zelândia, Alemanha, Holanda e outros).

Estas medidas exigem uma forte Eduação Cívica, e a re-introdução desta disciplina no ensino primário é um imperativo de desenvolvimento. De pequeno se torce o pepino e é nesta idade que se cultivam padrões de socialização. Educação Cívica deve ser extensiva aos mais velhos, e é por isso que temos os canais de comunicação pública, para educar e não para replicar modelos de socialização da sétima arte. A estes canais se exige muita criatividade para competir com os tradicionais sensacionalistas e entertainers, nada que uma equipa bem fromada e motivada não possa executar.

O descongestionamento da via pública, aumento da frota pública gerida em parceria com o privado, reduçao da dependência dos preços dos combustiveis e Éducação Cívica é um imperativo para criação de alternativas de transporte mais sólidas e definitivas, como os Commuter Trains. Maputo tem potencial para albergar este tipo de tecnologias, bastando apenas que se focalize nesse sentido, busque parcerias, e faça os seus deveres de casa com um espírito de coesão. O maior problema de África continua a ser liderança e como em tudo, liderança fará diferença neste processo. Pessoas comprometidas a executar planos a longo prazo e mesmo apôs sucessão de lideranças. Uma coisa é o objectivo individual ou de grupos, outra é o objectivo comum, de cidadania e este deve estar acima, bem desenhado e compreendido por todos para que não haja descontinuidade do positivo. Vide o link em anexo:




[1] Política dos transportes urbanos para o Grande Maputo; Dezembro 2006; USAID.